LIVROS
Gilberto Freyre em Quatro Tempos
Organizadores: Ethel Volfzon Kosminsky, Claude Lépine e Fernanda Arêas Peixoto
ISBN: 85-7460-217-5 (EDUSC)
ISBN: 85-7139-502-0 (UNESP)
Editora: EDUSC, UNESP, apoio FAPESP
Edição: 2003
Número de páginas: 380
Sinopse: Os textos aqui reunidos procuram apresentar as novas interpretações que os analistas da produção de Gilberto Freyre têm recentemente elaborado e fornecer ao leitor um roteiro, uma aproximação original a temas e problemas já tantas vezes tratados, bem como a descoberta de novas perspectivas e frentes de reflexão.
O pensamento de Gilberto Freyre esteve à frente do seu tempo pelas questões que aborda, pela metodologia inovadora de que faz uso e pelas fontes inusitadas a que recorre. Casa-Grande & Senzala (1933) representa uma virada nas interpretações sobre o país. A inversão que opera nas leituras racistas disponíveis no período representa um deslocamento radical do eixo sobre o qual apoiavam-se as interpretações do Brasil: a mestiçagem, vista como origem de nossos males, transforma-se em nossa maior virtude.
Sobrados e Mucambos (1936) dá continuidade à análise da família patriarcal no Brasil, ampliando temas e questões que dizem respeito não apenas ao período e à decadência do patriarcalismo, mas que atingem em cheio a cena contemporânea: por exemplo, o feitio particular que assumem entre nós as relações entre público e privado.
O sociólogo envereda de modo original por domínios pouco conhecidos, como o das relações entre cultura e natureza, analisadas no belíssimo Nordeste (1937). O interesse inédito pela higiene, alimentação e culinária, bem como a preocupação com os hábitos íntimos, com o corpo, vida sexual, moda, comportamentos femininos, entre outros, projetam a atualidade da reflexão do autor que antecipa os contornos da nova história defendida pelo grupo dos Annales.
Freyre adianta-se também a uma antropologia da sociedade brasileira, feita de dentro, do "ponto de vista do nativo". E, mais que isso: ele coloca a si mesmo no interior do campo de investigação; numa intuição extremamente atual, o pesquisador se coloca como parte do universo pesquisado, e a realidade social, apreendida dessa perspectiva, aparece, não como dado, mas como algo vivo que o intérprete ajuda a construir.